Histórico

A Geotecnia tornou-se uma área de referência no contexto da UFOP pela própria vocação institucional, e começou a ser efetivamente implementada, a partir de meados da década de 80, com a qualificação formal dos primeiros docentes. Com efeito, a inserção da Escola de Minas da UFOP numa região de relevo acidentado e de intensa atividade nas áreas de geração de energia elétrica e de mineração constituiu um fator decisivo para a definição da Geotecnia como uma das áreas prioritárias dos cursos de engenharia desta instituição. A evolução da área de Geotecnia na UFOP ocorreu na seguinte sequência:

 

> 1988 - implantado o Curso de Especialização em Engenharia de Barragens (CEEB), com áreas de concentração em Geotecnia de Barragens e Hidráulica de Barragens. Mais de 150 profissionais foram qualificados em 10 anos de curso (1988 a 1998); 

 

> 1993 – criação formal da Área de Geotecnia na UFOP, com instalação em 1996 do Laboratório Integrado de Geotecnia da UFOP, com administração conjunta dos Departamentos de Engenharia Civil, Engenharia Geológica e Engenharia de Minas da UFOP;

 

>1998 – com a experiência acumulada na formação especializada de recursos humanos ao longo dos dez anos do CEEB, implantou-se uma área de concentração em Geotecnia no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFOP (PROPEC);

 

> 2000 - o Curso de Especialização foi reestruturado num modelo de Mestrado Profissional (com ratificação formal pela CAPES em 08/03/2001) em Geotecnia de Barragens. Em 2004, foi implantada a segunda área de concentração do curso, em Geotecnia Aplicada à Mineração;

 

> 2006 - criado o Núcleo de Geotecnia (NUGEO) da UFOP, órgão autônomo da estrutura formal de departamentos e que passou, a partir desta data, a congregar e a coordenar institucionalmente as atividades e as pesquisas de pós-graduação em Geotecnia na UFOP;

 

> 2007 - início de oferta de programas de pós-graduação em três níveis distintos: Mestrado e Doutorado Acadêmicos e Mestrado Profissional;

 

> 2014 - Construção do Centro Tecnológico de Geotecnia Aplicada (CTGA), com área total de 2.100m2, com espaço para docentes, discentes, salas de aula e multimídia, além dos seguintes 12 laboratórios:  (i) Mecânica dos Solos (caracterização), (ii) Mecânica dos Solos (Ensaios Especiais); (iii) Geotecnia de Pavimentos; (IV) Rejeitos de Mineração; (v) Ensaios de Grande Porte; (vi) Mecânica de Rochas; (vii) Cartografia Geotécnica e Aerofotogrametria; (viii) Hidrogeotecnia; (ix) Métodos Numéricos; (x) Modelos Físicos; (xi) Geossintéticos;  (xii) Sedimentrometria;

 

> 2017 – Organização de um evento nacional GeoMIN (Congresso Brasileiro de Geotecnia Aplicada à Mineração) pelo corpo docente do NUGEO e pelo Núcleo Minas da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica). O GeoMIN objetivou criar um fórum de debates entre a comunidade técnica e acadêmica sobre geotecnia aplicada à mineração. Pesquisadores de várias partes do Brasil participaram deste evento. Devido ao sucesso, em 2019 ocorreu a segunda edição do GeoMIN, que tem se consolidado como o mais importante evento para a Geotecnia aplicada à mineração do Brasil.

 

Em suma, o NUGEO constitui, portanto, o primeiro núcleo acadêmico na história dos 130 anos da Escola de Minas, respondendo atualmente como centro de referência do ensino e da pesquisa em pós-graduação na Área da Geotecnia da UFOP e congregando um corpo docente amplo e de formação diversificada nas áreas de Mecânica dos Solos, Mecânica das Rochas e Geologia de Engenharia. O corpo docente do programa é constituído por professores-doutores, oriundos de várias especialidades de engenharia (Engenharia Civil, Engenharia Geológica, Engenharia de Minas, Engenharia Urbana e Engenharia Ambiental), agregando 32 anos de experiência com atividades de pós-graduação (início do CEEB em 1988), 22 anos de Mestrado Acadêmico (implantado em 1998) e 20 anos de Mestrado Profissional (implantado em 2000). Destaca-se no programa a infraestrutura física consolidada e operacional por meio dos laboratórios do CTGA - Centro Tecnológico em Geotecnia Aplicada da UFOP, a elevada inserção nacional, com forte demanda de inscritos no programa, muitos de outros estados e de países latino-americanos.

 

Recentes problemas de repercussão nacional e até internacional têm colocado em destaque a Geotecnia como tema fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. Em resposta a estes fatores, o programa de pós em Geotecnia tornou-se o maior em estrutura física e em número de alunos em Minas Gerais e um dos maiores do país.

 

O PPG vinha sendo avalaliado com o conceito 4, mas na avaliação trienal CAPES de 2017 o conceito caiu para 3. Isto foi decorrência d euma série de problemas discutidos a seguir.

 

Inicialmente, convém contextualizar a área do programa no panorama regional e nacional. A área de Geotecnia sempre se revestiu de grande importância no Brasil, especialmente em Minas Gerais. Com efeito, este estado detém a mais extensa malha rodoferroviária e o maior parque de geração de energia hidroelétrica do Brasil, além de ser sítio de extensa atividade minerária, setores que envolvem atividades que exigem expertise geotécnico desde as fases de projeto e construção até a de monitoramento pós-construção e de fechamento.  Os recentes problemas que afloraram no Brasil, como a baixa disponibilidade de energia de matriz hidroelétrica em decorrência de seca prolongada, e no caso do setor mineral, as rupturas de barragens de rejeito e de taludes de mineração, além da alta incidência de escorregamentos de taludes em ambientes urbanos evidenciaram ainda mais a relevância da Geotecnia. Em decorrência disto, o mercado de trabalho em Geotecnia cresceu demasiadamente nos últimos anos, sobretudo em Minas Gerais, a despeito do elevado desemprego ainda imperante em outras áreas de engenharia.

 

Consequentemente, observou-se nos últimos anos uma elevada procura pelos programas de pós-graduação em Geotecnia, tanto por parte de candidatos inscritos, como também por empresas interessadas em eventuais parcerias e convênios. Este fenômeno resultou em consequências antagônicas no POSGEO. Por um lado, a alta demanda resultou em inegáveis pontos positivos, como candidatos a pós-graduação melhor selecionados como também maiores possibilidades de financiamento a pesquisas fora dos órgãos de fomento tradicionais. Por outro lado, elevou-se a evasão de discentes, que abandonaram ou foram desligados por se envolverem em atividades profissionais, resultando na redução no fluxo de trabalhos de conclusão. Problema similar foi diagnosticado até nos cursos de graduação de Engenharia Civil, Engenharia de Minas e Engenharia Geológica, onde o fluxo discente foi reduzido pelo fato de muitos alunos estarem estagiando por muito tempo na área de Geotecnia em empresas distribuídas pelo Brasil.

 

Outro problema identificado, de caráter nacional, é o expressivo número de docentes desligados do programa por aposentadoria ou até por demissão voluntária para trabalhar no mercado profissional aquecido. Parte destes professores permaneceu no programa em caráter voluntário, mas naturalmente com uma participação mais reduzida.  Em 2019 houve algumas contratações de novos professores pelos vários departamentos da UFOP com atividades afins à Geotecnia, e estes tendem a progressivamente a serem incorporados no programa com a possibilidade de criação da categoria de jovens docentes permanentes. Contudo, nem todas as vagas ociosas foram até o momento supridas e algumas só o foram após seguidos concursos públicos, e o motivo novamente foi o mercado muito aquecido, que tem contratado geotécnicos com salários e carreiras mais atrativas que da universidade.

 

Ao final de 2019 o programa foi objeto de visita de acompanhamento pelos coordenadores de área das Engenharias I, quando foram discutidos os problemas identificados no POSGEO desde a última avaliação trienal. Desde a última avaliação, sobretudo imediatamente após a visita, o colegiado do POSGEO passou a se reunir com frequência objetivando sanar alguns problemas identificados e destacados pela comissão. A seguir são apresentados alguns problemas identificados e as medidas que estão em curso para procurar saná-los.

 

Na última avaliação da Capes o programa contava com seis linhas de pesquisa, a saber: Geologia de Engenharia, Geotecnia Aplicada à Mineração, Geotecnia de Maciços Rochosos, Geotecnia de Obras Lineares, Obras de Terra e Projetos Especiais. Constatou-se que o número de linhas de pesquisa era excessivo para o número de professores permanentes integrantes do programa, motivo pelo qual decidiu-se reduzir para três o número de linhas: Geologia de Engenharia, Geotecnia Aplicada à Mineração e Obras de Terra e Mecânica de Rochas.

 

Pelos motivos detalhados anteriormente, o programa contava com pequeno número de professores permanentes e excessivo número de professores colaboradores. Esta distorção tem sido corrigida, com elevação do número de permanentes (12) e redução do número de colaboradores (3). Cabe destacar também que o colegiado do POSGEO criou em 2019 uma comissão (Comissão de Credenciamento,  Recredenciamento e Produção Técnica e Científica) para definir critérios objetivos de credenciamento e recredenciamento de docentes, baseados fundamentalmente em produtividade científica. Pretende-se adotar estes critérios ainda no ano de 2020 objetivando melhorar o perfil científico do corpo docente e também porque está prevista a solicitação de credenciamento no programa de ao menos três jovens doutores recém-admitidos na UFOP.  Com a possível futura criação da figura de Jovens Doutores Permanentes pela área de Engenharias I e com os critérios claros de credenciamento/recredenciamento, espera-se melhorar os indicadores de produtividade científica do programa. Além disto, a coordenação tem fomentado encontros e palestras com temas relacionados à produção intelectual, científica e tecnológica. Nesse contexto, já foram realizados encontros sobre escrita científica, propriedade intelectual, patentes e transferência de tecnologia. Estes últimos foram e têm sido motivados por um estreitamento das relações do programa com o Núcleo de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo da UFOP (NITE).

 

Outro problema constatado foi o elevada relação discente/docente, com concentração em alguns docentes. Uma das soluções que vem sendo adotadas pelo colegiado do POSGEO é reduzir o número de ingressantes nas seleções. De fato, o ingresso de mestrandos no programa caiu de 20, em 2017, 18 em 2018 e 12 em 2019. Para o doutorado o número foi de 6 (2017), 5 (2018) e 4 (2019). Com a previsão do credenciamento de jovens doutores ainda em 2020, espera-se reduzir e equilibrar esta relação entre os docentes, propiciando uma melhoria da produção científica do programa.

 

Embora o programa constasse de canais abertos de comunicação com os egressos via sítio na internet e redes sociais, constatou-se a inexistência de um sistema de autoavaliação que propiciasse um retorno mais efetivo destes sobre a qualidade dos cursos do POSGEO. Para suprimir esta lacuna, o colegiado do POSGEO designou uma comissão (Comissão de Autoavaliação e Planejamento Estratégico) para elaboração dos critérios de autoavaliação.  Esta comissão propôs um formulário online que foi aprovado pelo colegiado. Ao final de 2019, o formulário foi enviado a todos os egressos por e-mail. A análise dos resultados desta autoavaliação já possibilitou implementar outras melhorias no programa, como será discutido nos próximos itens, especialmente no de Autoavaliação. 

Em suma, uma série de mudanças forma implementadas no PPG desde 2019, como:  autoavaliação do PPG; implantação de um sistema de planejamento estratégico, criação de normas mais claras de credenciamento/recredenciamento de docentes; criação de comissões de acompanhamento; maior cobrança de cumprimento de prazos der finalização dos TCCs e de elaboração de artigos científicos e de produtos técnicos-tecnológicos d equalidade. Como resultado disto, na última avaliação quadrienal da CAPES (2017-2020) o conceito do PPG subiu para quatro.